[ O pacto e a Lei no Sinai ]
Alguns temas vem a ser vitais ao ensino no A.T, as promessas acompanham a eleição e a lei acompanha o pacto. As promessas não devem interpretar-se independentemente do propósito da eleição divina do povo, nem tampouco deve separar-se o propósito da lei do contexto do pacto.
Deus elegeu o povo para ser um instrumento de sua redenção ao mundo, as promessas são meios para cumprir o propósito da eleição. Os eleitos foram livres para aceitar ou rejeitar a oferta de Deus. Ao aceitá-la entrariam no pacto com o Senhor. O pacto se baseava sobre a graça de Deus e a resposta livre dos homens deveria ser por fé.
Durante a morada de 1 ano próximo ao Sinai (19:1; Nm 10:11-12), sucederam 3 feitos de suma importância:
Deus apareceu ao povo como havia aparecido antes a Moisés;
Deus estabeleceu um pacto com Israel;
Deus deu a lei para indicar a natureza do pacto e para guiar no cumprimento de suas obrigações.
Depois de viajar por quase 3 meses, o povo chegou ao deserto do Sinai (v.1). O ambiente é um lugar isolado, silencioso, árido e rochoso. Os visitantes falam de um maciço de granito rosado encontrado no pico, apresentando-o majestosamente.
As palavras começaram com: Agora pois se… (v.5). A entrada de Israel no pacto seria o resultado de sua própria e livre eleição. Para poder eleger, era necessário escutar a voz de Deus (v.5; Rm 10:13-15). Uma vez eleito, o pacto tinha que ser observado de acordo com as condições estabelecidas por Deus. A eleição de Israel não era resultado de sua obediência, senão que sua obediência era o resultado de sua eleição.
O pacto foi central para a fé de Israel. Ninguém é salvo por obedecer, mas pela fé este entra no pacto e por estar salvo torna-se obediente. Ex: “ninguém terá sua salvação garantida por apenas nunca roubar, mas certamente se é um ladrão não poderá entrar no reino de Deus”. Deus primeiro liberta uma nação para só então exigir dela obediência. Cristo primeiro nos liberta do pecado para somente então exigir de nós obediência a seus mandamentos.
3 importantes razões deviam estar relacionadas com o propósito divino de eleger a Israel:
Deviam ser um povo especial;
Deviam ser um reino de sacerdotes;
Deviam ser uma nação santa.
Um povo especial – A tradução da palavra [segullah], que pode significar um tesouro especial de um rei (1Cr 29:3; Ec 2:8) pode referir-se simbolicamente a Israel como um tesouro especial (Dt 7:6; 14:2; 26:18; Sl 135:4; Ml 3:17). Na antiguidade o rei era considerado dono de todo o seu país, tinha um palácio com um quarto onde guardava-os, ali podia tocá-los e satisfazer-se em tê-los. Esse lugar era o [segullah], quando Deus disse que Israel seria para ele um povo especial entre todos os povos, estava querendo dizer que desejava tê-los em um quarto para satisfazer-lhe os desejos de Pai e tê-los sempre por perto e apreciar-lhes.
Um reino de sacerdotes – Na LXX a tradução “um sacerdócio real”, e 1Pd 2:9 segue esta tradução, bem como Ap 1:6; 5:10; 20:6. Das possíveis interpretações a frase temos:
Todos os israelitas tornar-se-iam sacerdotes, assim todos teriam direito de acesso livre a Deus, posteriormente Martinho Lutero comenta sobre “o sacerdócio de todos os crentes”, referindo-se a este assunto.
Israel mesmo ia ser uma nação-sacerdote. Não que a nação seria composta por apenas sacerdotes, mas que ela serviria como uma nação sacerdotal. Estaria para ser, pelos projetos de Deus, a intermediária entre Deus e o restante de outras nações, para guiá-los até o Senhor, assim como a função sacerdotal era se por entre o Senhor e seu povo.
De qualquer maneira era desejo do onipotente que Israel fosse uma nação missionária para o mundo. Das opções acima, a segunda parece mais coerente.
Uma nação santa – A missão de Israel estava fundada em caráter moral. O povo especial, a nação missionária teria que refletir a natureza do seu Rei que representava, deveria ser separada e apartada porque pertencia a Deus. A entrega implicava em responsabilidade e para cumprir a nação teria que viver uma vida santa.
O Senhor não forçou o pacto, os anciãos eram livres para aceitar ou rejeitar. A uma só voz todo o povo disse: “tudo que o Senhor disser faremos”. O pacto foi oferecido livremente e aceito livremente. Assim, após Moisés ter dito a resposta do povo, Deus falara que iria cercá-los com uma nuvem densa para que o povo escutasse-o.
Agora estava preparado o cenário para receberem o decálogo.
Os 10 mandamentos ou 10 palavras, são princípios fundamentais éticos para a vida em todos os tempos, formaram a base para a legislação de Israel. O povo eleito necessitava de uma constituição e o Senhor os deu em forma de decálogo.
Tal como uma criança precisa aprender a obediência antes de entender por qual razão está obedecendo, o povo precisava passar pelo temor, falta de razão, antes de poder compreender uma relação que deveria sempre ser por amor.
Os dez mandamentos são regras éticas que servem de guia para os indivíduos e proteção para a comunidade, contra abusos particulares favorecendo o bem-estar entre o povo.
Tal lei é distinta das idéias farisaicas criadas por homens amantes dos empecilhos e obstáculos capazes de impedir muitas pessoas de irem até Deus.
Os mandamentos foram postos em duas tábuas de pedra, é bastante adequado que os mandamentos da primeira tábua fossem primeiramente referentes a Deus, pois o homem tem um criador para amar antes, depois um próximo para amar.
A lei está disposta em Ex 20 da seguinte forma:
O primeiro mandamento afirma a existência e o governo de Deus. Não discute o assunto, simplesmente o declara. Seus atributos naturais: onipotência, onisciência e onipresença o fazem digno de governar nossa vida. O primeiro mandamento nega o politeísmo, o ateísmo e o materialismo. Aqui se proíbe amar, desejar, deleitar-se ou esperar algo bom de qualquer forma ou outra fonte que não seja Deus.
O segundo mandamento proíbe a representação e adoração da deidade: em forma angelical (v. 4), forma humana ou animal (v. 4b), forma de peixe ou mamífero aquático (v. 4c). A razão lógica é: Deus é espírito e devemos adorá-lo em espírito. A razão ética é: é mal e passível de castigo. O cristão deve ser consciente de que o Senhor está em todo lugar e não há necessidade de sua representação. Representações gráficas de histórias e situações devem ser usadas apenas para ensinar, NUNCA VENERAR. Se proíbe também toda classe de superstição e emprego puramente humanos para a adoração a Deus.
O terceiro mandamento tem sido mui desprezado, pois deve haver uma reverência ao nome de Deus. O nome de Deus o define. Portanto o nome dEle deve ser respeitado. Se proíbem os votos falsos e piadas profanas a seu nome ou coisas sagradas.
O quarto mandamento é apresentado de duas maneiras: entendemos não ser a primeira vez que este é dado [lembra-te] e que o povo certamente o esqueceria no futuro [lembra-te]. Um dia de cada sete, seis dias dedicam-se aos assuntos da vida secular, mas o sétimo somente as coisas sagradas ou inevitáveis (caridade, piedade etc). Comercializar, pagar salários, estudos seculares e etc não devem ser feitos. Esse mandamento está como único que nos faz lembrar de Deus como criador.
O quinto mandamento apresenta que a vida familiar sendo muito importante para o povo hebreu, traz a necessidade da restauração dos lares e devolver aos pais o seu devido respeito (o que não vemos hoje). Demonstrar afeto aos pais, respeito, gratidão, não causar-lhes constrangimento ou dor, estar preparados para prover-lhes ajuda e conforto e obedecer-lhes até que não firam os princípios divinos. Esse mandamento é por demais importante, pois bons filhos são bons cidadãos, famílias fortes são uma nação forte.
O sexto mandamento apresenta o respeito à vida. Os homicídios, violência e crimes aumentam dia-a-dia. Assassinatos, abortos (que é outro nome para homicídio), linchamentos por turba violenta, suicídio, pena de morte, guerras, tais coisas são transgressão do mandamento.
O sétimo mandamento é uma proteção ao que vemos também ao nosso redor: libertinagem sexual, prostituição, doenças sexualmente transmissíveis etc. O matrimônio é uma instituição de origem divina. A infidelidade simboliza o rompimento completo do matrimônio. A família é uma célula básica da sociedade, um baluarte da democracia. Esse tipo de problema tem efeitos profundos nos filhos. Nesse mandamento encontramos a melhor prevenção para a cura da AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis.
O oitavo mandamento nos diz da necessidade da ordem no mundo através da honestidade. Ensina também a importância de trabalharmos para conseguir realizar nossos próprios sonhos.
O nono mandamento nos ensina que as palavras ditas contra a reputação de uma pessoa são como as plumas de uma almofada: uma vez lançadas ao vento não podem mais voltar ao seu lugar de origem. Proibição ao perjúrio, mentira, calúnia, disseminação de falsas idéias, difamação. Da veracidade depende a justiça.
O décimo mandamento apresenta que tal problema está em todas as partes e ataca a todos. A ganância é a raiz de muitos pecados: adultério, avareza, corrupção etc.
Os mandamentos dão vida, não morte. O pecado produz a morte. Os mandamentos são guias para que vivamos melhores. A atitude que você tem diante da polícia depende da natureza de suas obras. Da mesma maneira a atitude que temos com os dez mandamentos depende de quem somos. Eles são amigos e guias para a comunidade, para manter a ordem. Jamais quebraremos mandamentos a menos que sejamos desordeiros espirituais ou infratores da lei.
A Deus seja a honra e glória.
Werber Marques
Teólogo Adventista
OSantuario.com.br
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