[ Faraó, Moisés e as pragas ]
Análise do Êxodo - 1ª parte
- 21/04/2009
Uma nova dinastia assumiu o poder do Egito, iniciando uma política de opressão que foi seguida por Ramsés II.
Não é que o faraó não tinha conhecimento histórico daquele povo, senão que não sentia nenhuma obrigação com a família de José. Via o poder numérico e econômico de uma gente extrangeira em seu próprio pais. Também reconheceu que sua localização em Gosen, ao norte, uma rota usada tradicionalmente por invasores da Ásia Menor, podia ser um risco a segurança do Egito, em caso de um ataque.
Ademais, a prosperidade do povo comprometia parte da produção nacional, além da cultura Israelita não permitir ou não se identificar com a cultura egípcia. Assim, não querendo também perder uma fonte tão valiosa que eram os escravos, idealizou através do trabalho forçado, tratando-os com rigor, obrigou-os a construírem e edificarem grandes construções. Quanto mais oprimiam o povo Israelita, tanto mais se multiplicavam.
Uma nação é verdadeiramente poderosa quando seus cidadãos vivem de acordo com os princípios morais e espirituais. Roma que já chegou a ser o império mais poderoso que o mundo havia visto, entrou em decadência pois havia perdido a sua moral, ao perder a moral perde-se também o material. As circunstâncias do mundo põem os homens em pedestais mas depois os derrubam.
No Egito, o faraó era o dono de toda a terra (Gn 47:20,21), seu governo era autocrático, sua palavra era a lei absoluta. Os Israelitas tornaram-se escravos oficialmente, pela palavra do Faraó.
O respeito pela vida humana, é uma característica que distingue todo bom governo. Preservar a vida não é somente conservar sua existência, senão enriquecê-la, estabelecer condições para que cada indivíduo possa viver dignamente com o fruto de seu trabalho. O governo que não respeita a vida humana é um governo corrupto que, em seu desejo por levar seus planos avante, tende a extender a corrupção à seus cidadãos. A ordem de Faraó às parteiras, de matar a todos os recém nascidos, é um exemplo disto.
Observa-se a ordem da providência, justo no momento em que a crueldade de Faraó chega ao máximo, mandando matar os meninos hebreus, nasce o libertador. Quando os homens se juntam e se unem para levar a igreja a ruína, Deus está preparando a salvação. O cumprimento do nosso dever, é seguido dos feitos de Deus. A fé nEle sempre nos porá por cima do temor aos homens. O bebê Moisés estava aparentemente sozinho no rio Nilo, mas Deus está mais presente do nosso lado quando parecemos mais abandonados e desamparados.
Entra então em cena o grande libertador. Para tirar o povo da opressão, o Senhor chama a Moisés dizendo: [ Moisés, Moisés], com espanto, o grande homem entendeu que O Eterno sabia seu nome. Em Israel o nome representa a pessoa, em conhecer o nome de alguém significava ter um poder sobre ele. O Eterno não se identificou como um Deus novo, mas como o Deus do pacto, disse: Deus de seus pais.
Moisés desejava saber quem o estava enviando, razão pela qual perguntou o nome de Deus. Deus tem vários nomes e cada um deles representa a forma como Ele se manifesta aos seres humanos. Em respeito a sua enorme santidade o Tetragrama não é pronunciado nas orações ou rezas durante a leitura da Torá conforme está escrito, sendo substituído por Adonai ou Hashem. Portanto, a pergunta de Moisés a Deus pode ser perfeitamente compreendida de forma mais profunda: "Qual é o seu nome?" - Deus não disse: "Eu era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó", mas Ele falou: Eu Sou.
É obvio que os judeus conheciam os diferentes nomes de Deus, o que eles queriam saber era como Ele pretendia se manifestar no curso da redenção do Egito: como o Eterno Deus misericordioso, como o Deus do juízo ou todo poderoso.
Agora haviam três problemas a serem superados:
1) Moisés tinha que ser convencido de que seria o libertador do povo;
2) Israel tinha que se convencer de que Moisés foi o escolhido para livrá-los;
3) Faraó tinha que ser convencido a deixar o povo ir.
A certeza da presença de Deus assegura o triunfo da tarefa encomendada por Ele. Apesar do sentimento de insuficiência, quem poderia estar melhor preparado? Moisés conhecia o idioma egípcio, a cultura, as crenças, podia mover-se dentro do palácio do faraó sem precisar de um guia, conhecia o deserto, os povos da região e tinha participado de orientações teológicas com um sacerdote de Deus, Jetro. Deus o havia preparado bem, sem que Moisés se desse conta.
Não apenas Moisés e Arão estavam livres da escravidão, mas sim toda a tribo de Levi - os sacerdotes dos filhos de Israel - o que explica a facilidade e a certa liberdade com que os dois se movimentavam na corte egípcia. Tal privilégio para os sacerdotes já era conhecido (Gn 47:22).
Com firme resistência a ordem divina, faraó, não deixando que o povo pudesse ir traria juízos que seriam lançados sobre toda a nação egípcia.
As pragas foram atos de Deus sobre todos os deuses do Egito (12:12b). Foram mais que um simples juízo sobre um rei obstinado. Os sinais e prodígios atacaram a teologia errônea dos egípcios acerca do faraó como um ser divino, as crenças a cerca do deus Nilo e a reverência (dedicação) de toda vida animal. As pragas foram demonstrações históricas da soberania de Jeová sobre a história, sobre a criação e sobre todos os homens.
Nem todas as dez pragas foram lançadas por Moisés. As 3 primeiras (sangue, rãs e piolhos) foram rogadas por Arão. O Midrash conta: "Disse Deus a Moisés: "As águas, que cuidaram de ti quando foste lançado ao Nilo, e a terra, que veio em teu auxílio quando mataste o egípcio não é justo que sejam amaldiçoadas por ti".
Essa era uma forma de aprimorar a própria personalidade humana. A virtude da gratidão, é um sentimento que pulsa no coração de qualquer pessoa que a cultive, mesmo por objetos inanimados passivos dos quais usufruímos. Se Moisés tivese lançado estas pragas, ele é que teria sido atingido, pois ficaria gravado em seu coração um ato de ingratidão e uma atitude grosseira.
Independente da maneira que se interprete como tenham sido as pragas, sabemos que:
(1) Ocorreram em um momento bastante oportuno;
(2) Produziram severas aflições aos egípcios;
(3) Afetaram lugares específicos;
(4) Tinham o propósito de livrar a Israel da escravidão egipcia.
continua...
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