Análise do Êxodo - 4a parte

[ O Maná, a Rocha ferida e a guerra contra os Amalequitas ]
(Ex 16:15; 17:6; 17:8)
Após as águas amargas, os eventos que se seguem são: o maná, a água que sai da rocha e a luta contra os Amalequitas, tudo isso ainda antes do Sinai.
Mais murmuração se seguia por parte do povo, contra Moisés e Arão (v. 2; 14:11, 12; 15:24; 17:3, etc.), desta vez algo muito sério, acusavam aos líderes de terem tirado-os do Egito para morrerem com falta de alimento no meio do deserto, tinham tal convicção em suas acusações que chegaram a expressar “…quem nos dera ter morrido na terra do Egito…” (16:3).
Outra vez se evidencia em que o povo tinha uma memória muito curta achando que sua liberdade seria grátis ou tão simples. Não queriam pagar nenhum preço pela mesma.
Deus responde a necessidade legitimamente e promete “pão do céu” diariamente (v.4) e para aquela tarde “carne para comer” (v.8), porém, em troca, seriam postos a prova para ver se andariam na lei divina.
Diariamente sairiam para comer o pão que cairia no deserto, para cada pessoa, por dia, no sexto dia o Senhor lhes ordenou que colhessem em dobro (v.4, 5). Moisés fala novamente que o povo veria a glória de Deus, pois na realidade tanta murmuração não era contra seus líderes (Moisés e Arão) mas contra o próprio Deus.
Vieram codornizes e cobriram o acampamento, ao amanhecer havia uma capa de alimento por sobre o lugar (v. 13; Nm 11:31-33), pão do céu. Então perguntaram: “o que é isto”? (v.15, 31; Nm 11:7-8). As codornizes são uma espécie da ordem das galináceas, no outono migram para Europa e África e na primavera regressam em grandes bandos formando uma grande nuvem, assim podemos ter uma idéia da cena que se seguia.
O nome hebraico para o pão é “man”, se deriva da tradução da LXX de Nm 11:6,7. O maná foi o alimento enviado por Deus para alimentar o povo de Israel quando estavam viajando pelo deserto a caminho da terra prometida. Era uma massa alimentícia que pela manhã estava ao alcance das pessoas enquanto o sol não o derretesse. Esse milagre aconteceu durante 40 anos, até quando eles entraram em Canaã. Havia uma porção do maná na arca como símbolo da Proteção e Cuidado Divinos. (Ex 16:4).
O Senhor enviava o maná ao deserto, ele não caia ao lado das cabanas/barracas do povo, então, quem estivesse com fome teria duas opções: permanecer com fome ou levantar-se e ir em busca de seu próprio alimento (Pv 6:6, 30:25), ninguém poderia trazer a porção do amigo, mas cada um devia buscar o seu próprio, se trouxessem mais do que o devido este apodreceria, somente na sexta-feira, por causa do sábado que não era permitido colher, pois não caia neste dia, era permitido trazer em dobro.
Semelhantemente, a “ração” que precisamos para nos manter alimentados espiritualmente é unicamente responsabilidade nossa, ou caso contrário pereceremos de fome espiritual. Todo dia precisamos de alimento vindo do céu, se não formos pegar o nosso “maná espiritual” o sol poderá derretê-lo e o perderemos, seguindo a isso a fome e posteriormente a morte espiritual. Os dardos inflamados do maligno poderão nos derreter a fé, o calor dos problemas e das provações nos colocará em uma posição tão delicada a ponto de sermos derretidos pelos ventos das tempestades.
Nos versos que se seguem do capítulo 17, o evento é a rocha ferida. A necessidade de água manifestou duas coisas: a debilidade espiritual do povo e a onipotência de Deus provendo a solução, assim o povo estava revendo que:
Eram ingratos e precisavam de água.
Esqueciam facilmente os milagres passados.
Não conheciam bem a natureza de seu Deus. Duvidavam até que Ele estivesse entre eles.
Necessitavam depender de Deus.
Fraquejavam facilmente na fé.
Porque o milagre da pedra foi algo inegável? Porque era um lugar menos provável para se encontrar água. A mesma vara que havia sido utilizada para grandes prodígios: enviar pragas e abrir o mar, agora era utilizada para trazer o elemento da vida de onde não havia vida.
Este foi um milagre no qual não deveriam ficar dúvidas do poder e intenções de Deus em relação ao povo. É inútil buscar explicação racional do acontecimento da rocha. Apenas aceitemos.
Obviamente, Deus estava mais interessado na comunhão com seu povo, a água da pedra para nossa edificação espiritual (1Co 10:1-6, 11, 12), para fortalecermo-nos em Cristo, para procurar agradarmos a Deus e estarmos firmes na fé.
A primeira ocasião (Ex 17:1-7) do povo foi por não encontrar água potável, a segunda era por completa falta deste líquido. Haviam entrado no deserto de Sin que fica na parte sul da península do Sinai, Jebel Musa, uma área arenosa chamada Debbet AL-Ramleh (v. 1; 17:1; Nm 33:11), não deve ser confundida com o deserto de Zin (Nm 13:21, 20; 20:1) que fica ao norte da península, na região Palestina.
A tradição judia diz que a água da pedra seguia a Israel durante suas peregrinações no deserto até a terra prometida. Parece que o apóstolo Paulo se referia a esta tradição quando disse: “e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da pedra espiritual que os seguia, e a pedra era Cristo”. 1Co 10:4
No milagre da pedra a maior confirmação de fé para o povo foi a demonstração de que Deus estava com eles (v. 7b). Com experiências tão grandes era de se esperar que a fé das pessoas ao menos correspondesse ao mesmo nível, mas isso não era assim. Tal como sucede ao resto da humanidade atual, para Israel era difícil recordar as vitórias do passado a cada nova crise que enfrentavam pelo caminho.
Em seguida Israel enfrentou uma crise diferente (Ex 17:8-16), agora estava diante do povo outra classe de dificuldade, um inimigo armado em sua frente que os impedia de chegar ao Sinai. Mais uma vez houve murmuração. Os Amalequitas eram descendentes de Esaú (Gn 36:12), nômades que se estabeleceram na península do Sinai, ocupando a zona norte que incluía Neguev, Seir e o sul de Canaã. Estes juntamente com os cananeus, trataram de impedir a entrada de Israel (Nm 14:43-45) o que de qualquer forma era um empecilho para o cumprimento da promessa feita por Deus à descendência de Abraão.
Aparece em cena Josué (v.9) que se apresenta no texto como alguém que conhecia o povo, é o ajudante de Moisés.
Na batalha, a oração intercessória de Moisés fazia a diferença, tanto que ao cansar o grande líder, providenciaram imediatamente uma pedra para que pudesse sentar-se (v. 12) e seguraram-lhe os braços estendidos. A vara estava à sua mão (17:9b), a mesma que: feriu o Egito com pragas, abriu o mar, feriu a rocha e agora era usada para vitória contra o povo inimigo.
Qual lição há na batalha de Refidim? O Senhor os havia ensinado que poderia livrá-los de quaisquer circunstâncias, até mesmo a guerra. Aprendemos que até mesmo os maiores líderes se cansam e quão louvável é que possam existir fiéis irmãos e colaboradores para manterem ao alto as mãos casadas! Sem eles não haveriam vitórias completas, nunca devemos deixar de apoiar, orar por aqueles que o Senhor há posto em lugares de responsabilidade. Sem a firmeza de tais homens, a batalha de Refidim poderia ter sido um fracasso.
Após a derrota dos inimigos (v.13), Deus disse a Moisés que escrevesse o relato da vitória como um “memorial histórico” (v.14). Seria a primeira vez que se indica algo acerca do trabalho literário de Moisés (v. 24:4; 34:27; Nm 33:2; Dt 31:9, 24; 31:22).
Quando estivermos em conflito, falemos como Senhor primeiro.
A Deus seja a honra e glória.
Werber Marques
Teólogo Adventista
OSantuario.com.br

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