Volto ao assunto da nossa própria e distinta mensagem para o mundo que vive os últimos dias da sua errante História. Um mundo que cada vez mais se apronta, de ambos os lados da barricada, para o confronto final que, enfim, decidirá o destino das almas, e no qual os Adventistas do Sétimo Dia deverão ser - e serão mesmo! - agentes de primeira linha.
De nossa parte, é crítica a constante colocação desse momento sempre no futuro. Usamos e abusamos de expressões "quando for o fim", "quando vierem as perseguições", "quando tivermos de fugir", etc., atirando-as para um futuro que parece estar sempre demasiado distante para que, de fato, tenhamos de nos preocupar com isso... Ora, a não mudar essa atitude, sucederá que o momento chegará... e continuaremos a olhá-lo como se estivesse lá longe, num porvir que ainda não vislumbramos.
Daqui vem que não podemos desperdiçar um momento que seja. Devemos agir como se hoje fosse (e não será que é mesmo?!) o momento exato para soltar o último grito, a derradeira advertência. Mesmo dentro de portas...
Se pudéssemos contemplar o semblante dos anjos que nos vigiam, creio que eles estariam abismados com a indiferença com que, mesmo entre nós, olhamos os tempos. Continuamos a agir como se nada de decisivamente empolgante estivesse às portas, como se o escoar do tempo não fosse motivo de séria e final ponderação. Quantas vezes, diariamente exercemos a mesma rotina de inutilidade e proveito em termos eternos. E até nos rimos e folgamos, como se tudo estivesse perfeitamente bem.
Contudo, quando ouvimos uma pregação ou meditação sobre, por exemplo, o Sábado, ficamos felicíssimos por conhecer a verdade e respeitar a ordem bíblica para a observância do verdadeiro dia do Senhor, refastelando-nos confortavelmente nos bancos da igreja, como que saboreando cada palavra dessa verdade. Até somos capazes de cumprimentar efusivamente o pregador por ter explanado de forma tão clara e irrefutável essa crença que, sabemos, é tão decisiva. Alegra-mo-nos uns com os outros pela partilha de tão solene preceito e ficamos convencidos que estamos no rumo certo e na verdadeira igreja de Deus.
Tudo isto é verdade; mas ainda uma outra razão reside à nossa alegria e correspondente comportamento: é que, naquele caso, são os outros que estão errados! São os católicos e os protestantes dominicais que estão em erro claro e nítido face à luz que emana das Sagradas Escrituras.
Mas, erga-se a voz do pregador para denunciar - também e sempre à luz da Bíblia e do Espírito de Profecia - os maus hábitos alimentares, as más escolhas de vestuário, os locais ímpios que são frequentados, as desavenças entre irmãos, etc., que existem entre nós, eis que a alegria se desfaz e logo essas palavras são entendidas como um uso indevido do púlpito, um inclemente apontar de dedo!
Aí, já menos relevo assume a verdade bíblica e a mensagem de arrependimento que se pretende passar; tudo se esvai quando essa mensagem não convém nem interessa aos nossos gostos e sentimentos não santificados. A este propósito, veja-se a quantidade de vezes que os textos da irmã White são citados (e bem) para defender a verdade bíblica que advogamos, um momento sempre apreciado por todos, em contraste com o semblante apreensivo que toma conta de quase todos, sejam as suas palavras de repreensão trazidas aos ouvidos da assembleia...
Cruelmente, a Bíblia e a palavra inspirada torna-se uma mensagem mais impopular dentro do que fora da Igreja - mas isso não é pela mensagem em si, mas sim pela falta de vontade em conformar, adequar os nossos comportamentos e decisões à verdade bíblica. Dito de outra forma, escolhemos ficar como estamos em vez de aceitar o caminho de arrependimento, humilhação, confissão e conversão.
Escreveu a irmã White em Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 122:
"Temos muito mais a temer de dentro [da Igreja] do que de fora. (...) Mas quantas vezes se têm os professos defensores verdade demonstrado o maior entrave ao seu progresso! A incredulidade com que se contemporiza, as dúvidas expressas, as sombras acariciadas, animam a presença dos anjos maus, e abrem o caminho para a execução dos ardis de Satanás".
Será que isto deixou de ser verdade? Ou será que é verdade mais do que nunca?
Há uma reforma e um reavivamento a fazer entre o povo? Sim, com certeza! Mas ficar somente por essa constatação ou pela eloquência das palavras é pouco mais do que nada!
"Ali haverá choro e ranger de dentes" é uma expressão bem conhecida da Escritura, que descreve a experiência daqueles que se perdem. E, espantosamente ou talvez não, entre eles estão alguns elementos que não julgariam pertencer a esse grupo.
Leia estes versos e pense quem serão aqueles que destaquei com o sublinhado:
"Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora" (Lucas 13:28).
"Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes (Mateus 25:30).
"E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes" (Mateus 8:12).
Mantenha-mo-nos todos atentos e recetivos às vozes que hoje mesmo nos chamam para fora desse coro de tragédia; amanhã pode ser tarde demais para fazê-lo.
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