Formado na escola da vida

E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras. Atos 7:22
Virgínia conseguira, com muito esforço, concluir os estudos em uma universidade federal. Agora estava casada e com dois filhos pequenos.
Um dia, cansada dos afazeres domésticos, desabafou para o marido: “Eu não estudei tanto na vida só para pendurar meu diploma na parede e ficar em casa lavando e trocando fraldas!”
É uma frustração compreensível, que Moisés, o grande líder do povo de Deus, também deve ter sentido. Ele havia estudado na Universidade Federal do Egito até os quarenta anos de idade, abeberando-se de tudo o que a cultura egípcia da época podia lhe oferecer. “Na corte de Faraó, Moisés recebeu o mais elevado ensino civil e militar” (Patriarcas e Profetas, p. 245). Julgava-se preparado para liderar o povo de Israel e libertá-lo pela força das armas.
Porém, Moisés estava enganado, pois quando pensou que havia chegado o momento de colocar em prática tudo o que havia aprendido, Deus lhe disse: “Agora você vai para o deserto, cuidar de animais e desaprender toda a cultura inútil que os egípcios lhe puseram na cabeça.” E esse “desaprendizado” duraria outros 40 anos! Não deve ter sido fácil.
Deixando o palácio real, com o seu luxo e prazeres, Moisés fugiu para o deserto da Arábia. Lá, em meio à solidão, ele deve ter pensado muitas vezes: “Foi para isto que estudei tanto na melhor universidade do mundo? Para cuidar de rebanhos?”
Deus, no entanto, lhe estava ensinando uma matéria que ele não havia aprendido no Egito – mansidão. E só após quarenta anos Deus o considerou “diplomado” para liderar o povo de Israel. Moisés havia se tornado “mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a Terra” (Nm 12:3).
É certo que Deus usa pessoas com preparo acadêmico, como usou o apóstolo Paulo. Mas há casos em que essa cultura precisa ser desaprendida, redirecionada ou complementada pela experiência, na escola da abnegação.
Se Moisés tivesse escolhido ser chamado “filho da filha de Faraó”, e herdado o trono do Egito, seria hoje uma múmia. Mas preferindo “ser maltratado junto com o povo de Deus” (Hb 11:24, 25), desceu à sepultura por pouco tempo, pois o próprio Cristo o ressuscitou, levando-o para o Céu.
A escolha ao lado de Deus, mesmo que envolva sofrimento, é sempre melhor do que qualquer herança terrestre.
RUBEM M. SCHEFFEL

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