Eu caminhava para a saída de um centro comercial através de um longo e quase deserto corredor. Poucos metros à minha frente, uma outra pessoa, um jovem rapaz, fazia o mesmo trajeto para o exterior do edifício. A cortar o silêncio, ouvimos a breve conversa das empregadas de balcão de duas das lojas do tal corredor. Perguntou uma à outra: 'estás com cara de quem está triste...?'
Esta, respondendo disse: 'pois... estou aqui sozinha!' O jovem que caminhava à minha frente deteve-se decididamente. Voltando-se com uma expressão corajosa e convencida para a menina que tinha dado aquela resposta, disse de forma que todos puderam ouvir: 'quem tem Deus, nunca está sozinho!' É verdade. Toda e qualquer pessoa pode sentir-se (com ou sem razão) abandonada pelos homens; mas jamais o poderá argumentar em relação a Deus.
Infelizmente, é fácil olharmos à nossa volta e percebermos que embora muitas vezes no meio de uma multidão, muitas pessoas passam a maior parte do tempo considerando-se sozinhas e sem alguém por perto, com quem se possam relacionar numa proximidade de afeto e estima mútua. Faça o seguinte exercício, que eu mesmo já experimentei: vá até uma das mais movimentadas ruas da cidade mais perto. Coloque-se num ponto onde possa vislumbrar o maior número possível de pessoas.
Com certeza verá rostos felizes e satisfeitos, talvez mesmo desfrutando da companhia de alguém que lhe é querido. Mas encontrará também de ambulantes correndo não sabem bem para onde, cuja fisionomia deixa transparecer que a vida está cheia de problemas e questões para as quais não encontram soluções.
Daí que, muitos se sintam sozinhos, mesmo que estejam rodeados por milhares de pessoas. Isto acontece, principalmente quando centramos a nossa atenção (apenas) na companhia e presença do nosso próximo. Repare que é excelente quando temos alguém, familiar ou amigo, com quem poder partilhar a vida.
Mas o que acontece quando, por algum motivo, todos à nossa volta parecem falhar e não estar lá quando é preciso? Existem histórias na Bíblia que têm muitos ensinamentos para além daqueles óbvios que são percebidos logo numa primeira análise. Duas delas estão registadas no livro de Daniel.
No capítulo 3, vemos como três jovens destemidos preferiram ser lançados num forno escaldante a curvarem-se perante um ídolo. Quando intimados diretamente pelo monarca a que obedecessem à sua ordem, responderam: 'não necessitamos de te responder sobre este negócio.
Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste' (Daniel 3:16-18).
Veja bem: eles disseram que o Deus que serviam os poderia livrar; por outras palavras, não estiveram preocupados em fazer amizades com os homens, antes escolheram a companhia de Deus. Com esta decisão foram mesmo atirados para a fornalha. Poderemos dizer que eles eram três e, assim, nunca estariam sozinhos mesmo em termos humanos?
Bom, se for essa a argumentação, avancemos até ao capítulo 6 onde encontramos um velho com um dilema semelhante: respeitar uma ordem real ou manter o bom hábito de pedir a companhia de Deus e arriscar com isso a vida.
Pois Daniel, o velho em causa, humanamente sozinho nesta questão, preferiu ficar com Deus, mesmo contra todos os homens: 'Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer' (6:10).
Com esta decisão, ele foi mesmo lançado numa cova de feras esfomeadas. Pensemos por um momento nas consequências que a decisão dos fiéis de Deus provocaram nestes dois casos: Não; não estou a referir-me à fornalha ardente nem à cova dos leões!
Veja bem: na primeira situação, três jovens foram atirados no fogo. Mas depois o rei disse: 'eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus' (3:25). Isto é: foram lançados três; mas lá dentro estavam quatro!
Na segunda situação, um fiel servo de Deus foi atirado aos animais selvagens. Mas na manhã seguinte, ele mesmo disse: 'o meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele' (6:22).
Isto é: foi lançado um; mas lá dentro estavam dois. Em ambos os casos, Deus manifestou-Se no meio da dificuldade, da impossibilidade humana. Em ambos os casos, Deus foi a companhia dos que, aparentemente, estavam sozinhos. E porquê? Porque como dizia aquele rapaz à saída do centro comercial, no corredor, 'quem tem Deus nunca está sozinho!' Há sempre lá Um a mais do que pensávamos!
Fonte: Blog Tempo Final
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