Ano de catástrofes ou esperança?

Acabo de chegar do Chile, depois de visitar várias das cidades afetadas pelo terremoto e tsunami, na região sul do país. Voltei com a impressão de um país preparado para se refazer da crise e um grupo de membros e líderes que perderam muita coisa, mas não a esperança.

Pessoas que têm um sorriso no rosto, palavras positivas e muita confiança de que vamos sair mais fortes de toda essa crise.

Fiquei muito impressionado ao visitar a família da irmã Yolanda, tesoureira da igreja central de Constitución. Encontrei os quatro membros da família no local em que estava sua casa, antes do tsunami.

Hoje, resta apenas uma pequena parte e uma montanha de entulhos. Na frente estava o carro da família com um grande adesivo no vidro traseiro apresentando a imagem do Impacto Esperança 2008, com a volta de Jesus e a mensagem “Viva com Esperança”. Aquelas palavras eram o que os habitantes da cidade precisavam ouvir e recordar, e nelas confiar. Ela me contou do momento, logo após o terremoto, em que fugiram apenas com a roupa do corpo para a parte alta da cidade, e dali acompanharam o momento em que as ondas gigantes tragaram um pedaço da cidade.

Em uma pequena ilha próxima, cerca de duzentas pessoas aproveitavam o fim de semana. Depois do terremoto, também sabiam do risco da chegada de um tsunami. Infelizmente, não conseguiram sair para se refugiar em uma região mais alta. Ao conversar com a irmã Yolanda, percebi sua emoção ao contar que, do lugar alto em que estavam, podiam ouvir os gritos desesperados das pessoas da ilha e seus sinais de luz com as lanternas, pedindo socorro, mas ninguém conseguia oferecer ajuda. Tão logo as ondas gigantes chegaram, o barulho e as luzes desapareceram.

Foi muito difícil para todos acompanhar uma situação como aquela. São cenas que nos relembram diferentes momentos bíblicos e proféticos que para alguns parecem impossíveis. Nossa igreja também sofreu as consequências da tragédia. As sedes da Associação Sul e da Missão Central foram condenadas e desocupadas.

Três escolas foram bastante danificadas e dez igrejas, destruídas. A maior delas, a igreja central da cidade de Concepción (dois milhões de habitantes), tinha lugar para 700 membros e o pouco que sobrou terá de ser demolido. Mais de setenta igrejas tiveram sérios danos estruturais e cerca de 700 casas de adventistas também foram afetadas. Lamentavelmente, quatro de nossos membros faleceram.

Ao descrever toda essa situação, quero lhe dar a oportunidade de ajudar nossos irmãos no Chile e orar por eles. Quero que você veja como Deus renova as forças de Seus filhos em meio à dor e ao sofrimento.

Além disso, quero que você tire outras lições importantes:

1. Vale a pena ser uma família mundial. Não somos igrejas independentes espalhadas pelo mundo.

Somos uma igreja mundial. Uma organização que avança unida e se apoia em um momento assim.

Em poucos dias, todas as uniões e instituições da Divisão Sul-Americana, além da própria Divisão, Associação Geral e outras Divisões mundiais, enviaram recursos para a reconstrução da igreja no país. Se você também quiser ajudar, não deixe de visitar o portal adventista na internet (www.portaladventista.org).

2. Precisamos reconhecer o tempo em que estamos vivendo. Esse tem sido denominado o ano das calamidades. Precisamos entender a agitação de nosso planeta, observar como os ventos estão sendo soltos (Ap 7) e o que o inimigo está fazendo com este mundo (Ap 12:12). É tempo de levantar a cabeça, pois a redenção está próxima (Lc 21:28).

3. Cada sinal é uma oportunidade. Os versos 6, 8 e 13 de Mateus 24 indicam que as catástrofes, incluindo os terremotos, não são sinais iminentes da volta de Cristo. O próprio Cristo, no verso 14, destaca que o fim virá com a forte pregação do evangelho.

O surgimento e a intensidade dos sinais negativos deverão servir para facilitar a pregação do evangelho. Eles não são o fim, mas facilitam o cumprimento do sinal iminente do fim (Mt 24:14).

Daí a pergunta: Quantos outros sinais ainda precisam acontecer, quantas oportunidades mais ainda precisamos ter para pregar o evangelho a todo o mundo, para que Cristo volte à Terra?

Erton Köhler – é presidente da Divisão Sul-Americana.

Fonte - Advir

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