Manassés fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel. 2 Crônicas 33:9
Manassés tinha apenas doze anos de idade quando se tornou rei, e durante 55 anos reinou em Jerusalém. Ele era filho de Ezequias, um dos melhores reis que Judá teve. Infelizmente, Manassés não seguiu o bom exemplo de seu pai. Ao contrário, tornou-se mais ímpio do que todos os seus antecessores. Restabeleceu o paganismo e a idolatria, deixou florescer a tirania e “derramou muitíssimo sangue inocente, até encher Jerusalém de um ao outro extremo” (2Rs 21:16). Até mesmo “queimou seus filhos como oferta no vale do filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro, praticava feitiçarias, tratava com necromantes e feiticeiros e prosseguiu em fazer o que era mau perante o Senhor (2Cr 33:6).
Mas embora tivesse voltado as costas para as coisas divinas, Deus não o abandonou. Enviou-lhe um mensageiro após o outro para convencê-lo de suas culpas e convidá-lo ao arrependimentol. Mas parece que, quanto mais ele era advertido, mais mergulhava no pecado.
Porém, a maior culpa de Manassés é que ele não pecou sozinho. Ao se afastar de Deus ele carregou toda a nação de Judá junto com ele. Isto faz lembrar o que aconteceu quando Charles II foi restaurado ao trono da Inglaterra. O palácio real se transformou num prostíbulo. Charles vivia abertamente em adultério e a podridão do trono levou à podridão do reino. Foi o que aconteceu com Manassés.
É uma grande verdade que ninguém peca sozinho. Talvez nossa influência não seja tão grande quanto à de Manassés, mas, por mais obscura que seja nossa vida, ela influenciará outros, em maior ou menor escala. A verdade é que, ao cometermos um ato, não podemos controlar seus efeitos.
Finalmente chegou o momento de Manassés pagar por seus pecados. Deus permitiu que ele fosse capturado por soldados assírios, os quais “o amarraram com cadeias, e o levaram a Babilônia” (2Cr 33:11), sua capital temporária.
O castigo pode demorar, mas virá. E causa reações opostas em diferentes tipos de caráter. Alguns se tornam ainda mais rebeldes. Outros se arrependem.
Então, reconheceu Manassés que o Senhor era Deus. 2 Crônicas 33:13
O sofrimento fez Manassés pensar. É um grande dia este em que Deus consegue nos fazer pensar. Ele deve ter se lembrado de seu piedoso pai. E lembrou-se também do Deus de seu pai. Sua experiência mostra como é difícil para um filho escapar da influência salvadora de um verdadeiro pai ou de uma boa mãe.
Manassés refletiu profundamente, arrependeu-se e caiu de joelhos. “Ele, angustiado, suplicou deveras ao Senhor, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais” (2Cr 33:12). E Deus o perdoou. E não apenas o perdoou, mas tornou a trazê-lo a Jerusalém, ao seu reino. O que havia sido cativo em uma terra estranha, voltou a usar a coroa. E durante todo o restante de sua vida ele foi um devoto seguidor do seu Deus. Sua conversão foi genuína e duradoura. Procurou desfazer os males que havia cometido anteriormente. Destruiu os altares que havia erigido aos falsos deuses. Tentou fazer com que o povo retornasse à verdadeira religião. E qual foi o resultado?
“Mas este arrependimento, notável embora, veio demasiado tarde para salvar o reino da influência corruptora de anos de prática idolátrica. Muitos haviam tropeçado e caído, não se levantando mais. Entre aqueles cuja experiência da vida tinha sido influenciada além da possibilidade de recuperação pela fatal apostaria de Manassés, estava seu próprio filho” (Profetas e Reis, p. 383).
Manassés fez uma constatação terrível: descobriu que havia sido mais fácil levar o povo à apostasia do que trazê-lo de volta às antigas veredas. Sentiu-se impotente para reerguer a nação, arruinada espiritualmente por sua culpa. Não foi sequer capaz de salvar o próprio filho, o qual se tornou idólatra até o fim de sua vida.
O arrependimento nos conduz à salvação. Mas há uma coisa que o arrependimento não faz: ele não nos salva das consequências temporais de nosso pecado. Podemos sair para o mundo e semear joio durante cinquenta anos. Se nos arrependermos, Deus nos perdoará. Mas há uma coisa que Deus não poderá fazer: transformar em trigo o joio que semeamos. Podemos lamentar profundamente nossa semeadura. Mas a respectiva colheita será obrigatória.
Manassés foi salvo apesar de ter levado à perdição homens e mulheres, devido a sua influência pecaminosa que não pôde ser revertida.
Que tipo de influência você está exercendo sobre os outros? Pense Nisso!!!
Meditações Diárias de Rubem Scheffel