Parábola dos Talentos


O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. Mateus 25:16

Somos todos iguais aos olhos de Deus. Todos temos os mesmos direitos segundo a Constituição. Numa eleição todos os votos valem o mesmo. Mas quando se trata de dons e habilidades, somos todos diferentes. Deus não nos fez iguais nesse aspecto. Há pessoas que podem administrar cinco talentos, enquanto outras só conseguem dar conta de um. Uns conseguem organizar suas ideias, colocá-las no papel e produzir algo, enquanto outros não têm essa capacidade. Uns têm vigor físico e intelectual, outros não.

Os talentos são dados por Deus para serem desenvolvidos. O pintor que não pinta, o músico que não toca, o atleta que não se exercita, vai aos poucos perdendo a capacidade. E isto nos faz lembrar da parábola dos talentos, referida por Jesus em Mateus 25:14-30.

Nós conhecemos a história. O homem que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco. E o seu senhor ficou muito satisfeito com ele, ao voltar de viagem. O servo que recebeu dois talentos procedeu da mesma maneira.

Originalmente o talento era uma unidade de peso; depois passou a ser uma unidade monetária que valia seis mil denários. E um denário era o pagamento por um dia de trabalho. Um talento, portanto, valia o trabalho de um homem por seis mil dias, ou mais de dezesseis anos. Quem pensa, portanto, que um talento era pouca coisa, está enganado. Um talento era uma verdadeira fortuna. Assim, o servo que recebeu cinco talentos, recebeu uma quantia que lhe exigiria cerca de 80 anos para adquirir.

Essas cifras nos dão um quadro impressionante aqui, ou seja: Deus está dando aos Seus servos grandes responsabilidades. Mesmo àqueles que só receberam um talento.

Uma das lições espirituais que podemos extrair desta parábola é que cada um recebeu de acordo com sua capacidade. E agora vem também a contrapartida: quem recebeu mais, maior responsabilidade tem. A proporção de dinheiro diferiu, mas cada um tinha o dever de ser igualmente fiel e sábio na administração do que recebeu.

Embora a mensagem desta parábola não esteja especialmente vinculada à segunda vinda de Cristo, ela indica que, no regresso do Senhor, Seus servos deverão Lhe prestar contas do uso que tiverem feito de suas oportunidades.

Você talvez não seja uma pessoa de cinco talentos. A maioria tem só um ou dois. Mas cada um de nós recebeu pelo menos um, e Deus espera que ele seja desenvolvido.


Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. Mateus 25:18

Não há dúvida de que o enfoque principal da parábola dos talentos está no servo que recebeu um talento. Esse indivíduo aparece bem no centro do palco, e dele é que devemos extrair a lição mais importante, pois certamente existem mais pessoas de um só talento neste mundo, e também dentro da igreja, do que aquelas de dois e de cinco talentos.

O homem de um talento enterrou seu capital. A intenção dele era conservá-lo. Mas a parábola nos mostra que ele acabou perdendo-o. Num plano imediato, esse servo representa os escribas e fariseus, que queriam conservar a Lei intacta e só para si mesmos. Restringiam-se à letra do que estava escrito e não aceitariam ampliações de sua compreensão, como Cristo procurou mostrar-lhes ao completar o que foi dito aos antigos (ver Mt 5:21-48).

Num plano mais distante, o homem de um talento simboliza o indivíduo que se contenta com a rotina na igreja. Não comete crimes, mas também não se interessa muito em qualquer expressão do bem. Mostra-se egoísta e, pior, contenta com o seu egoísmo. Não serve aos semelhantes, porquanto se envolve demasiadamente em seus negócios particulares, e só serve a si mesmo.

Por causa de seus temores, tem um mau conceito de seu senhor, e isso ilustra o fato que se pode observar facilmente no mundo e na igreja – que as pessoas podem conceber a Deus como um tirano, que espalha destruição e miséria por toda parte. O mau servo disse: “Senhor, eu Te conhecia, que és um homem duro.” Este homem, portanto, julgava Deus como arbitrário, vingativo, sem misericórdia, como os reis da terra.

Uma lição dura que esta parábola nos ensina é que aquilo que você não usa lhe será tirado.

Um indivíduo agnóstico achou que Jesus havia sido muito cruel com o servo de um talento, ao puni-lo com a apreensão de seu único talento. Jesus de fato disse: “Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez. Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mt 25:28, 29). Mas Jesus não estava sendo cruel. Ele estava simplesmente demonstrando uma lei da vida. Se você usa o que tem, terá mais, pois as pessoas dinâmicas progridem sempre. Se não usa, perderá até mesmo o pouco que tem. Neste sentido, os seres humanos são parecidos com as pilhas de uma lanterna: não sendo usadas, elas enferrujam.

Se usarmos nossos talentos para a glória de Deus, Ele os multiplicará e fará com eles o que consideramos impossível.

Extraído da Meditações Diárias de Rubem Scheffel

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