Deus nunca se engana

Tudo no mesmo dia

Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. Jó 1:12

O patriarca Jó é descrito em seu livro como o maior de todos os homens do Oriente, sendo possuidor de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas jumentas, e um enorme contingente de servos e servas. Além disso, era pai de sete filhos e três filhas.

Entretanto, a mais importante característica de Jó é dada no verso 1, e proclamada pelo próprio Deus: “Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.” Essa avaliação é vital para a compreensão do drama que se seguiu. Quão digno de confiança era Jó? Seria justificável a absoluta confiança que Deus tinha nele?

Em um concílio celestial Satanás pôs em dúvida os motivos dessa lealdade, insinuando que Deus havia comprado a fidelidade de Jó com bênçãos: “A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra”(1:10). E então o maligno lançou um desafio: “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra Ti na Tua face” (1:11).

Tal desafio exigia uma completa refutação. Então, para provar a todos os habitantes do Universo que Satanás estava errado, Deus consentiu que uma tremenda injustiça fosse cometida contra um dos Seus santos: “Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão.”

De repente a vida abundante, calma e tranquila de Jó sofreu vários golpes ao mesmo tempo, pois as provações de Satanás são geralmente simultâneas, para, se possível, derrubar de modo irremediável um filho de Deus.

E assim, no mesmo dia, Jó perdeu as jumentas, os bois, camelos, servos, pastores, e o pior de tudo – os dez filhos. Ele agora não tinha mais nada. E como não sabia que estava no meio de um fogo cruzado entre Deus e Satanás, atribuiu resignadamente seus males a Deus, dizendo: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (v. 21).

Muitos santos de Deus, com a alma cheia de dor causada por perdas, têm exclamado como Jó: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou”, mal sabendo que esta é apenas uma meia-verdade, pois o Senhor é quem dá, mas Satanás quem tira.

Jó sobreviveu a este primeiro turno, mantendo intacta sua fé em Deus. Ele é um exemplo de lealdade para todos nós. E então veio o segundo teste, ainda mais cruel.

O segundo teste

Disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida. Jó 2:6

No segundo concílio celestial Satanás não parece impressionado com a fidelidade de Jó, após ter perdido tudo, e diz com desprezo a Deus:

– Ora, isso não é nada! Um homem aguenta qualquer coisa para salvar a vida. Faze-o sofrer um pouco e blasfemará contra Ti na Tua face!

Novamente Deus permitiu que Satanás afligisse Jó ainda mais, com a ressalva de não lhe tirar a vida.

Então Satanás saiu da presença de Deus decidido a causar tanto sofrimento a Jó a ponto de este desejar a morte. Feriu-o “de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça” (2:7).

Para garantir sua vitória, Satanás usou também algumas pessoas. Os amigos de Jó, em vez de lhe trazerem conforto, procuraram levá-lo a crer que ele era o culpado de tudo. Sua esposa, que deveria ser a primeira a dar-lhe apoio, aconselhou-o a amaldiçoar a Deus e morrer.

E se Jó, num momento de desespero e fraqueza, amaldiçoasse a Deus, Satanás se proclamaria vitorioso. Então Deus teria de admitir, perante todos os habitantes do Universo, que se enganara a respeito de Jó. O que pensariam eles? Ficariam boquiabertos e diriam: “O Grande Soberano do Universo Se enganou! O Criador cometeu um erro de avaliação! E se isto aconteceu uma vez, não poderia acontecer mais vezes?”

Veja em que situação ficaria a presciência divina. Se Jó falhasse, Deus também falharia! Nós temos duas opções aqui: se acreditamos que Deus não sabia qual seria o resultado desse desafio, teremos de admitir que Ele cometeu uma verdadeira loucura, ao apostar Seu caráter e reputação no comportamento de um homem. A segunda opção é a de acreditar que Deus sabia o resultado, pois Ele conhece o fim desde o princípio. Nesse caso, Ele não Se arriscou, mas teremos de concluir que Ele conhecia Jó tão bem que foi capaz de prever qual seria sua reação em meio ao sofrimento.

Eu fico com a segunda opção. Deus nos conhece perfeitamente, conforme nos diz Sua palavra: “Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci” (Jr 1:5). Deus “conhece os segredos dos corações” (Sl 44:21). Ele nos conhece pelo nome (Êx 33:12). “O Senhor conhece os pensamentos do homem” (Sl 94:11).

Por outro lado, a experiência de Jó mostra que Satanás comete erros de avaliação, pois “não pode ler os nossos pensamentos” (Mensagens aos Jovens, p. 328).

Deus nos deu o livro de Jó para advertir-nos quanto ao poder do maligno. E especialmente para que saibamos que, quando confiamos em Deus e nos entregamos sem reservas a Ele, podemos ser vencedores.

Meditações Matinais - COM A ETERNIDADE NO CORAÇÃO

RUBEM M. SCHEFFEL

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